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XV OBERT INTERNACIONAL SANT MARTÍ
CRÓNICA DE LUÍS SILVA
PARTE IV
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Soluções do exercício 6 (PARTE III):
12...h6! 13.Be3 e5! 14.Cde2 Cxb3 15.cxb3 Be6 e com d6-d5 a ser apenas
uma questão de tempo, as negras usufruem de uma vantagem posicional.
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Agora encarava a norma de maneira diferente. Já não me
atormentava. Ela era o que me fazia continuar a jogar e me fazia esquecer o
estado de exaustão em que estava. Na ronda 8 ia defrontar de brancas o IM
Ernesto Fernandez Romero. Não tem reportório mas é muito a
gressivo. E assim foi. Decidi jogar a inglesa a pensar que iríamos transpor para umas linhas de d4. No entanto ele tinha outras intenções e jogamos uma linha muito estranha. Fiquei bastante melhor, mas o medo de deitar tudo por água abaixo apoderou-se de mim e decidi rapidamente forçar o empate. Tive medo de uns sacríficios por parte do meu adversário. O Houdini mantém-se bastante calmo perante o perigo. No entanto decidi seguir o conselho que o Lorenzo de La Riva me deu para estas duas jornadas: “Tablitas, tablitas!!” então decidi fechar a posição ao máximo para não correr qualquer risco.
Chegamos à seguinte situação:
EXERCÍCIO
7- O último lance foi h6-h5. O que deves fazer de brancas sabendo que queres o
empate?
Este jogo foi muito interessante. Toda a gente parava
para ver. Lembro-me da cara engraçada que o Simen Agdestein fez ao ver esta
posição. A verdade é que é uma fortaleza!
E à entrada da última ronda faltava-me um empate para
atingir a norma. Fui ao hostel preparar as malas para o check-out e depois
esperei pelo emparceiramento. E para surpresa minha ao abrir os jogos para a 9ª
ronda vejo o meu jogo já empatado! Fiquei logo exaltado porque era este
resultado que me faltava para a norma! Na verdade eu tinha perguntado aos
árbitros as situações possíveis para eu fazer norma e eles devem ter
experimentado no ficheiro para o chess-results.com, e certamente esqueceram-se
de apagar as simulações! Felizmente ao fim de uns 45 minutos a situação foi
retificada e voltou tudo à normalidade. Preparei a partida e fui tentar dormir.
É que foi mesmo tentar… Só consegui adormecer perto da uma da manhã e acordei
logo às cinco. No entanto sentia-me fresco e motivadíssimo para o jogo que iria
iniciar-se às 9h30. Preparei a partida mais um bocado e cheguei às 8h45 ao
local de jogo. Dei umas voltas pelo sítio e sentei-me para a partida. Propus
empate logo nos primeiros instantes da
partida, proposta esta que foi friamente rejeitada.
A partir do lance 11 a
posição tendia para a minha grande vantagem.
EXERCÍCIO 8- Último lance foi 11.Cf3xe5,
lance este que eu sabia que não existia. Como colocar em dúvida a ideia das
brancas?
Apesar de ter
acertado na melhor continuação, ao lance 14 fui enfrentado com uma escolha
entre um empate fácil ou uma posição com boas chances de ganhar. Fui pouco
ambicioso e segui para o empate o mais rápido possível. Decisão um pouco má
visto que a outra posição era melhor sem qualquer tipo de risco. No entanto
consegui o empate e com isto a norma! Infelizmente tive que esperar umas 5
horas até sair do local de jogo.
Quando pude fui celebrar até à Sagrada Família: comer uma Paella numa esplanada na maior das tranquilidades e longe do stress de 9 dias muito intensos J
Quando pude fui celebrar até à Sagrada Família: comer uma Paella numa esplanada na maior das tranquilidades e longe do stress de 9 dias muito intensos J
Uma
coca-cola (zero! J) e uma
Paella.
Ao lado a norma de Mestre Internacional!
No fim acabou tudo por correr bem. Em termos de
resultados não podia ter corrido melhor. Aumentei em 40 pontos o meu Elo FIDE e
conquistei a minha primeira norma de Mestre Internacional. Entrei em contacto
com um nível de xadrez elevadíssimo (em Espanha é só mais um torneio, em
Portugal seria O Torneio) e a experiência de ir sozinho fez-me crescer imenso
como jogador. Além disso, ganhei uma quantidade de conhecimento enorme,
principalmente aquele da preparação das partidas! A conclusão que retiro deste torneio é que
por vezes não basta o xadrez. É preciso que a sorte esteja connosco, e em
Barcelona não me pude queixar de falta dela! É também preciso apoio de pessoas
e entidades, portanto queria agradecer à Câmara Municipal de Vila Nova de
Famalicão, a Escola Cooperativa de Vale São Cosme e respetiva Associação de
Pais pelos contínuos apoios ao NXVSC-Didáxis. E queria dedicar esta conquista
em especial aos irmãos Rui Gomes e Bruno
Gomes bem como ao professor Mário Oliveira e ao Pedro Caramez
(os quatro que estão sempre presentes em qualquer torneio que eu faça), ao
Mestre FIDE António Vítor
pela partilha das suas experiências, ao Mestre
Internacional Rui Dâmaso por todas
as dicas e ajudas na preparação de partidas que, sem dúvida, foram preciosas na
conquista desta norma e, por último, como é lógico, à minha família.
A entrega da norma de
Mestre Internacional!
SOLUÇÕES DOS ÚLTIMOS
EXERCÍCIOS:
EXERCÍCIO 7: Começar a contar 50 lances! Já não há mais
possibilidade de mexer os peões! Estar atento aos sacríficios em c5,d4,f4 e h4
também ajuda J
EXERCÍCIO 8: 11…Cxe5 12.dxe5 Ce3! 13.fxe3 Dxd3 com grande vantagem.
Melhor estrutura e par de bispos. A partida seguiu-se 14.Cf3 Dxd1? (14…De4 é,
como qualquer um pode deduzir, o melhor lance) 15.Txd1 Bxf3 16.gxf3 com empate
fácil.
2 Comments:
Este foi dos melhores "reports" de um torneio de xadrez que já li! Parabéns, Luís. É muito interessante saber dos teus pensamentos e divagações durante uma prova desta importância. Obrigado pela partilha.
A única parte que não gostei foi da Coca-Cola zero. Merecias uma caneca de meio litro. Na primeira oportunidade, ofereço-te eu uma!
Este foi dos melhores "reports" pessoais de um torneio de xadrez que já li.
É muito interessante saber dos teus pensamentos e divagações durante uma prova tão importante para ti.
A única parte que não gostei foi da Coca-Cola zero. Merecias uma caneca de meio litro! Quando tiver a oportunidade, ofereço-a eu!!!
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