2019/01/29

CMXXXIX

 JORNAL DO COLÉGIO DO AVE
CLUBE DE XADREZ A2D EM DESTAQUE 

JORNAL ONLINE:

Primeira edição, em formato digital, do Avespreita, jornal escolar do Colégio do Ave, que destaca algumas das atividades, momentos, experiências e aprendizagens vividas no ano letivo transato.



Entrevista com o Mestre Nacional de Xadrez Bruno Gomes, Capitão do Clube de Xadrez A2D
Entrevista exclusiva ao Capitão do CX A2D, MN Bruno Gomes, efetuada pela aluna do Colégio do Ave, Ana Beatriz Costa (5 maio 2018) 

Jornalista (Ana Beatriz, 10º A): Conta-nos como aconteceu a descoberta do xadrez. Quem te despertou o interesse para o mundo das “64 casas”?
Bruno Gomes: Eu comecei a jogar xadrez em 2005. Na altura, era aluno do 10º ano e havia um projeto na escola, na Didáxis, um projeto que envolvia um núcleo de xadrez. Na altura, era o professor Mário Oliveira que estava por detrás desse projeto e depois ele também era meu professor de matemática e passou a ideia de nós podermos ir jogar ou, pelo menos, começar a jogar xadrez no núcleo... e comecei a jogar assim.

J: O professor também fez isso connosco! Depois desta fase inicial como foram os primeiros passos no sentido de melhorares o teu xadrez?
BG: Essa é uma pergunta muito difícil. À medida que fui evoluindo eu não tinha bem noção daquilo que estava a fazer, sobretudo numa primeira fase para evoluir. Agora consigo perceber que o que me fez evoluir nos primeiros tempos foi a prática... jogar muito.

J: Portanto, no início foi um pouco mais de diversão.
BG: Sim. O xadrez aparece como um desporto sobretudo, no início. Enquanto não levamos a modalidade de uma forma muito a sério, a um nível competitivo, é um desporto... uma atividade lúdica. E a partir daí, à medida que eu vou jogando cada vez mais porque gostava de jogar, gostava de me entreter a jogar... apercebi-me que evolui... e foi assim que comecei a evoluir. A jogar muito!

J: E as competições? Podes contar-nos um pouco sobre os eventos mais relevantes em que já participaste?
BG: Eu já participei em algumas competições boas. No início, nos primeiros anos em que jogava xadrez participava só nas competições distritais, que não têm muita relevância. Uns anos depois, 7 anos depois, comecei a participar em algumas provas nacionais. E as provas de que melhor me recordo é o Nacional Absoluto de 2013 em que eu joguei, onde jogam os dez melhores jogadores de Portugal, todos contra todos, e é apurado o campeão de Portugal individual. Esse foi o torneio mais importante que eu joguei, a nível individual. A nível coletivo, já jogámos na final da taça de Portugal na época passada, em 2017... ganhámos! A nível coletivo, foi um torneio de alta competição. E depois as primeiras divisões que conseguimos subir ao longo da nossa carreira no clube, conseguimos subir coletivamente desde as distritais, às divisões nacionais e subimos para a primeira que é a elite e este ano vamos jogar, pela quarta vez, a primeira divisão... e lembro-me que, a primeira vez que joguei a primeira divisão, foi num torneio, não pelo resultado... mas pela diferença, pelo impacto, pela dificuldade...

J: Como manténs o teu nível técnico? Praticando?
BG: Neste momento, o nível técnico, praticando, sim. Mas, neste momento, eu não tenho tido muito tempo para jogar competitivamente, mas querendo na mesma manter o nível técnico, o que eu faço é estudar constantemente em casa, estudar sempre que posso, analisar posições, voltar a jogar na internet para ver se não baixo muito o nível.

J: Há algum livro que consideres fundamental para um jogador de xadrez?
BG: Eu nunca li muitos livros de xadrez, nem tenho a melhor opinião sobre isso, mas há um livro que eu acho que todos os jogadores devem ler... não no início, mas, talvez, quando entram para um nível de xadrez federado. Acho que é um livro que pode ser positivo: “Pawn Structures” um livro de um grande mestre chileno chamado Mauricio Flores! É um livro importante porque fala das estruturas típicas... da estrutura dos peões que podem acontecer nas aberturas e essas estruturas são essenciais para a gente estudá-las e percebê-las.

J: De que maneira é que definirias o teu jogo de xadrez?
BG: O meu estilo de jogo, no início da minha carreira, nos primeiros 5, 6 anos da experiência que levo a jogar, eram muito táticos porque, principalmente, porque a minha evolução no xadrez passou por praticar muito e esse praticar muito passou, principalmente, por jogos na  internet e na internet jogas partidas muito rápidas de 1 ou 3 minutos e esse tipo de xadrez leva-te a que tu estejas muito alerta a truques, a táticas, a coisas pequeninas e grande parte, enquanto jogador, esse foi o que predominou no meu estilo. Entretanto, em 2013, mais ou menos, 2013 quando fui jogar ao Nacional Absoluto apercebi-me, contra um grupo forte de jogadores que eram aqueles que estavam lá, não bastava seres tático: tinhas que perceber que estratégia e, a partir daí, tenho tentado evoluir estrategicamente o meu estilo de jogo. Neste momento, acho que é um estilo de jogo defensivo e calculoso.

J: Quais os principais resultados da tua carreira?
BG: A nível de competições individuais não fiquei muitas vezes em primeiro. Fiquei muitas vezes em segundo...

J: Mas tem alguma experiência mais interessante...
BG: A nível coletivo, sim. Temos bastantes prémios bons. Por exemplo, a Super Taça do ano passado, a Super Taça de 2017, foi muito bom porque a equipa principal estava a jogar com jogadores da alta competição com muita rotatividade, não jogavam sempre os mesmos que normalmente, teoricamente, são os “titulares”, um jogo com muita rotatividade, mas conseguimos ganhar na mesma e foi muito bom.

J: Quais os objetivos do xadrez para este ano e projetos futuros?
BG: A nível individual, para mim, tenho os objetivos um bocado estagnados em relação ao xadrez. Neste momento, quero só manter o nível para poder jogar jogos quando tiver vontade de jogar, porque ainda não estou focado em evoluir deste momento. A longo prazo, tenho vontade de continuar a jogar, sim, sempre que possível e jogar competitivamente ao longo da minha carreira

J: Se pudesses descrever o xadrez numa palavra, que palavra é que utilizarias?
BG: Para descrever o xadrez, talvez... desafio!

J: Que conselhos darias aos alunos do Colégio do Ave que se estão a lançar no Mundo do Xadrez?
BG: O conselho que daria a esses alunos seria praticar. O xadrez, como qualquer outro desporto, requer prática e também é muito importante nunca desistir.

J: Obrigada pela entrevista.
BG: Obrigado eu.