2008/04/16

CXLIII

NACIONAL DE JOVENS 2008

Artigo de opinião do Mestre Nacional José Padeiro

Os Nacionais de Jovens decorreram na Figueira da Foz entre 15 e 20 de Março.
Apesar de o formato actual não ser o ideal (demasiados jogadores para tão poucas jornadas), perguntem a um jovem qual é o torneio que ele mais importância dá, e ele sem hesitar responde que é o Nacional de Jovens.
Este ano, felizmente, a organização logística foi muito superior à dos anos anteriores.

O escalão onde se previa maior animação eram os Sub-14, onde havia 4 fortes candidatos; Pedro Neves, um habitual vencedor que no ano passado tinha falhado, Francisco Mateus, que vai mantendo uma evolução constante, e depois os dois jogadores com grande evolução nas últimas épocas: Jorge Ferreira e Filipe Martinho.

Até à última jornada o campeonato decorreu dentro do signo do equilíbrio, todos os jogos entre candidatos deram empate. A partida para a última jornada poderia até haver um desempate a 4, bastando para tal que Jorge Ferreira e Pedro Neves empatassem e os outros candidatos ganhassem. O jogo que vai ser apresentado é o decisivo entre os dois da frente. O jogo não teve grande história, mas mais importante é a envolvência do mesmo.

O Xadrez é uma modalidade pobre, como todos nós sabemos, é inacreditável como executar esta nobre arte possa dar tão poucos privilégios aos seus praticantes, no entanto quando vamos para o tabuleiro, esquecemo-nos de tudo e não existe satisfação maior que uma partida bem jogada. Poder estar no lugar de um dos contendores no dia do jogo é um privilégio ao alcance de poucos. Só quem já passou por situações destas consegue exprimir, o que lhe vai na alma, antes e durante o jogo. A pressão do jogo é uma faca de dois gumes; se por um lado pode ser uma pressão favorável, se nos levar a um maior empenho, por outro pode ser desfavorável se nos tolher os pensamentos.

Pedro Neves (C.X. Montemor o Velho - Distrito de Coimbra) aproveitou a sua maior experiência em situações destas e venceu Jorge Viterbo ferreira (G.D. Dias Ferreira - Distrito do Porto (e desta forma sagrou-se Campeão Nacional Sub-14)!
Jorge Viterbo Ferreira - Pedro Neves
7ª Jornada
20.03.2008

1 e4 a6 A olho nú parece uma provocação, eu diria que é um acto de grande coragem. Quantos jogadores ousariam efectuar pela primeira vez este lance numa partida tao importante? Muitos poucos creio. Psicologicamente já está em vantagem.

2 d4 Interessante seria 2 B-c4 para contra b5 jogar 3 Bxf7 seguido de D-h5 e D-d5 ganhando a qualidade. Naturalmente que as pretas jogando 2...e6 impedem essa ameaça.

2...b5 3 B-d3 B-b7 4 C-f3 C-f6 5 Cb-d2 e6 6 0-0 c5 7 c3 C-c6 As pretas devem evitar jogar d5, que levaria a uma definição do centro por parte das brancas com e5, ficando as pretas com o chamado "peão gordo" em b7.

8 e5 C-d5 9 C-e4 cxd4 10 cxd4 h6 A abertura está a correr bem às pretas, já igualaram. Os cavalos estão em bons postos, só falta desenvolver o bispo e o colocar o rei longe do centro.

11 a3 T-c8 12 B-b1 C-a5 13 Cf-d2 D-b6 As brancas não estão a jogar de forma muito coerente.

14 D-g4 h5 15 C-d6+?? Dxd6 0-1 Prolongou-se por mais uns lances...

O que podemos reter é que o xadrez tem uma forte componente psicológica. Se por absurdo conseguíssemos jogar sempre ao nosso melhor nível seríamos muito melhor jogadores. Naturalmente que o Jorge vale muito mais do que mostrou nesta partida.