DLXIII
XV OBERT INTERNACIONAL SANT MARTÍ
CRÓNICA DE LUÍS SILVA
PARTE I
Findo
o VI Torneio Cidade de Gaia, onde a minha prestação não correspondeu às
expetativas que delineei, partia imediatamente para Barcelona com a intenção de
contactar com um nível escaquístico muito superior àquele existente em
Portugal, ou seja, ganhar uma experiência enquanto jogador que neste país é
impossível de ter. Além disso, ia sozinho. Por um lado é muito bom para crescer
porque, privados da companhia de alguém, temos de ser nós a gerir todas as
emoções que acontecem ao longo do torneio. Não temos ninguém ao lado para depositar
as frustrações aquando as derrotas, ou alguém que nos controle a euforia nas
vitórias. Ninguém para dar sugestões, ou simplesmente para falar e dar um
passeio. No xadrez, principalmente no patamar da alta competição, é necessário
descarregar o stress acumulado durante a prova, e um parceiro é sempre o ideal.
Por isso, tento sempre levar alguém comigo para os torneios de longa duração.
Para Barcelona não consegui, no entanto, e felizmente, apesar de alguns
problemas que tive de controlar para que a minha prestação não fosse afetada,
correu tudo bem.
Com
saída do aeroporto Francisco Sá Carneiro dia 13 de Julho pelas 6h00 cheguei ao
aeroporto El Prat pelas 9h00 (hora local). Apanhei a camioneta com direção a
Barcelona e posteriormente o metro até chegar ao Hostel Be Dream cuja reserva
já tinha sido feito uns dias antes. Tendo chegado ao hostel a minha primeira
ação foi dormir. É necessário ter alguma energia para o jogo que se avizinhava
e, visto que não tinha dormido decentemente na noite de 12 para 13 de Julho,
eram recomendáveis umas horas de sono.
A base de descanso para recarregar baterias: Hostel Be Dream@Barecelona.
Com baterias ligeiramente carregadas
almocei rapidamente e fui descobrir onde era o torneio. Andei perdido, mas com
umas perguntas aqui e acolá e uma chamada ao Bruno Gomes (capitão sempre
presente J) consegui resolver o meu problema. Chegando ao
sítio de jogo fiquei imediatamente impressionado com a organização existente: a
sala era espaçosa (difícil quando se tem mais de 300 pessoas no mesmo sítio!),
os tabuleiros de boa qualidade e havia placas em cada mesa que identificavam
quais os jogadores que ali se sentariam!
A minha placa identificativa!
A
primeira jornada foi bastante tranquila. Defrontei o norueguês Andersen Guttorm
que era teoricamente mais fraco eu. Após uma imprecisão na abertura por parte
do meu adversário, criei-lhe problemas que foram impossíveis de resolver.
EXERCÍCIO 1
Normalmente as brancas já
teriam Cb1-c3 neste tipo de posições.
Como podem (e devem!) as brancas
aproveitar o tempo não gasto no desenvolvimento dessa peça?
No
fim da partida tive uma análise da mesma com o meu adversário. Uma análise
extremamente pacífica acompanhada por um diálogo no mesmo tom. Foi um adversário extremamente bem educado (à
moda dos países nórdicos) com quem mantive contacto ao longo do torneio.
Na segunda jornada iria defrontar o MF
(Mestre FIDE) Mhamal Anurag da Índia, que, além de ter a minha idade, tinha
sido recentemente coroado com uma norma de Mestre Internacional (uma norma de Mestre Internacional é
conquistada quando em certo torneio se obtém uma performance de rating acima de
2450 pontos de Elo FIDE. Para ser Mestre Internacional são necessárias três
normas e um rating de 2400 ou mais pontos de Elo FIDE. Mais informações: http://www.fide.com/fide/handbook.html?id=163&view=article) num outro torneio do
circuito catalão (e também fez a sua segunda norma neste torneio de Sant Martí!).
Então, sendo ele superior a mim e demonstrado constante evolução, esperava um
jogo onde eu não teria algum tipo de hipótese. No entanto, após uma abertura
inócua por parte do meu adversário, consegui resolver qualquer tipo de problema
que poderia existir, e comecei a comandar no jogo.
EXERCÍCIO 2- Qual a continuação mais
promissora para as negras?
Quando parecia que ele tinha
resolvido as dificuldades que lhe coloquei, propus empate... A minha proposta foi prontamente
rejeitada pelo jovem MF indiano e, estando ele em apuros de tempo, começaram a surgir erros que foram
facilmente aproveitados por mim! Em desespero propõe empate, mas aí fui eu que
imediatamente rejeitei e a partida terminou com a minha vitória poucos lances
depois!... De todas as partidas do torneio
destaco esta como sendo a que joguei mais corretamente. Felícíssimo fui para o hostel... A ideia que tinha antes deste torneio era a de que os jogadores mais fracos, quando
começam com resultados positivos, aumentam a sua força significativamente e
muitas vezes conseguem dar continuidade a essa senda. Como será possível ver
nas próximas partes desta crónica eu não fui exceção J.
SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS NA PARTE II
DESTA CRÓNICA!!
1 Comments:
entao quando e que sai o proximo episodio da novela?
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