XXV
ENTREVISTA (II)
O nosso segundo convidado é André Viela. Um jogador promissor que tem revelado uma progressão sustentada pela atitude que revela perante este mui nobre jogo e conhecimentos adquiridos.
Com um curriculo recheado de títulos escaquistícos, a nível individual e colectivo, é de destacar os títulos consecutivos de Campeão Distrital Absoluto (Porto) obtidos nas épocas de 2004 e 2005. Actualmente é o Campeão Nacional Sub-18 e jogador federado do Grupo Desportivo Dias Ferreira(1º tabuleiro).
Perfil
Data de nascimento: 07/06/1989
Formação: Estudante 12º ano na Escola Secundária Augusto Gomes - Agrupamento Ciências e Tecnologias
Clube: Grupo Desportivo Dias FerreiraRating internacional: 2130
Entrevista
"...tive a sorte de “O Profeta do Xadrez” Vitorino Ferreira ter criado um projecto de xadrez durante esse ano lectivo na escola que eu frequentava."
"...os responsáveis máximos do xadrez nacional não estão com disposição para premiar ninguém..."
Conta-nos como aconteceu a descoberta do Xadrez.Quem te despertou o interesse para o mundo mágico das 64 casas?
R: Tudo começou no ano lectivo 1995/96, andava eu no 1º ano e tive a sorte de “O Profeta do Xadrez” Vitorino Ferreira ter criado um projecto de xadrez durante esse ano lectivo na escola que eu frequentava. A paixão não foi imediata e o facto das horas de xadrez serem após as aulas não me agradava muito e por isso não houve inicialmente grande química entre mim e o xadrez. No entanto o meu irmão que me ia buscar à escola, ficou de imediato fascinado pelo jogo e desde logo começou a praticar xadrez. Os anos foram-se passando e o meu irmão a apurar-se para os campeonatos nacionais de jovens. A ideia de eu me puder ausentar uma semana para ir para o Algarve agradou-me e comecei a praticar xadrez para conseguir apurar-me para essa nobre prova do xadrez nacional. O facto de me ter apurado no meu primeiro distrital (1999) deu-me um grande alento para continuar a jogar.
Depois desta fase inicial, como foram os primeiros passos no sentido de melhorares o teu xadrez?
R: Para além dos inúmeros torneios em que participava e nos quais aprendia muito devido ao contacto com jogadores mais velhos do que eu, eramos um grande grupo de jovens que todas as tardes se juntava na sede do Grupo Desportivo Dias Ferreira (esta que é a instituição que nas ferias desportivas de Verão acolhe o maior numero de jovens matosinhenses) e jogávamos uns contra os outros, tendo havido dias em que joguei mais de 40 partidas!
E as competições? Fala-nos um pouco dos eventos mais relevantes em que já participaste.
R: Um torneio que me marcou profundamente foi o torneio de Olhão que se realizou imediatamente a seguir ao Nacional de Jovens de Ofir (Março 2005), que para mim havia sido extremamente decepcionante, e fiquei no mesmo alojamento que José Padeiro, que ter-me-á mostrado a essência do xadrez e durante um ano apresentou-me o xadrez de uma forma que fez com que a minha compreensão sobre o jogo ampliasse. Um ano depois de Olhão, no culminar de um ano de treinos com o Mestre Nacional José Padeiro, consegui finalmente concretizar um objectivo que desde há muito ambicionava, o título de campeão nacional Sub 18, em Portimão (Abril 2006).
Como manténs o teu nível técnico?
R: Um torneio que me marcou profundamente foi o torneio de Olhão que se realizou imediatamente a seguir ao Nacional de Jovens de Ofir (Março 2005), que para mim havia sido extremamente decepcionante, e fiquei no mesmo alojamento que José Padeiro, que ter-me-á mostrado a essência do xadrez e durante um ano apresentou-me o xadrez de uma forma que fez com que a minha compreensão sobre o jogo ampliasse. Um ano depois de Olhão, no culminar de um ano de treinos com o Mestre Nacional José Padeiro, consegui finalmente concretizar um objectivo que desde há muito ambicionava, o título de campeão nacional Sub 18, em Portimão (Abril 2006).
Como manténs o teu nível técnico?
R: No tempo de aulas é difícil ter a disponibilidade que gostava de ter para o xadrez, no entanto jogo sempre que possível os torneios na zona norte do país e mais alguns, mantendo um contacto assíduo com o tabuleiro. Por vezes chego mesmo a pegar num livro para ver uma partida ou então no Yearbook , isto para manter os níveis de “xadrezite” necessários ao meu ser.
Qual o livro que consideras fundamental para um bom jogador de xadrez?
R: O livro “Zurique 1953” é realmente bom! É um livro que garantidamente faz com que a força de qualquer jogador aumente. O livro dos “555 Problemas” depois de já se terem interiorizado os conceitos básicos do jogo, parece-me uma boa ferramenta de trabalho, assim como “Modern Chess Strategy” de Pachman, já exigindo este uma compreensão razoável de xadrez.
De que maneira definirias o teu estilo de jogo?
R: Isso depende um pouco dos dias. O estilo de jogo vai ser definido pela estratégia que optarmos para um certo jogo, e isso varia sempre devido a factores como por exemplo o nosso estado emocional. Numa partida estou apenas concentrado em fazer os melhores lances e isto sem me preocupar sobre se eles obedecem a este ou aquele estilo de jogo.
Quais os principais resultados de tua carreira?
R: Sem dúvida alguma o titulo Nacional de Sub 18. É um título que cobicei durante muitos anos e quando finalmente o consegui senti uma enorme satisfação e felicidade, algo que não consigo descrever.
Quais os objectivos no xadrez para este ano e projectos a longo prazo?
R: Seria sem dúvida jogar um Europeu ou Mundial de jovens, mas pelos vistos os responsáveis máximos do xadrez nacional não estão com disposição para premiar ninguém, o que torna as coisas mais difíceis. Assim sendo, adoraria poder jogar na primeira divisão pelo Dias Ferreira e sem ter que olhar para os tabuleiros do lado e dar de caras com um espanhol ou um romeno, assim como gostaria de jogar uma fase final do nacional. São objectivos difíceis mas concretizáveis.
Quem são os teus jogadores preferidos? No passado e no presente...
R: Não tenho nenhum jogador em particular do qual seja um grande admirador mas já vi algumas partidas do Petrossian onde achei fantástico a capacidade de ele dar a volta tendo uma posição nada agradável. O Kasparov já era o grande nome do xadrez Mundial quando comecei a jogar e ainda agora continua a ser e por isso também ele é de certa forma uma referência para mim, assim como para quase todos os xadrezistas.
Qual o livro que consideras fundamental para um bom jogador de xadrez?
R: O livro “Zurique 1953” é realmente bom! É um livro que garantidamente faz com que a força de qualquer jogador aumente. O livro dos “555 Problemas” depois de já se terem interiorizado os conceitos básicos do jogo, parece-me uma boa ferramenta de trabalho, assim como “Modern Chess Strategy” de Pachman, já exigindo este uma compreensão razoável de xadrez.
De que maneira definirias o teu estilo de jogo?
R: Isso depende um pouco dos dias. O estilo de jogo vai ser definido pela estratégia que optarmos para um certo jogo, e isso varia sempre devido a factores como por exemplo o nosso estado emocional. Numa partida estou apenas concentrado em fazer os melhores lances e isto sem me preocupar sobre se eles obedecem a este ou aquele estilo de jogo.
Quais os principais resultados de tua carreira?
R: Sem dúvida alguma o titulo Nacional de Sub 18. É um título que cobicei durante muitos anos e quando finalmente o consegui senti uma enorme satisfação e felicidade, algo que não consigo descrever.
Quais os objectivos no xadrez para este ano e projectos a longo prazo?
R: Seria sem dúvida jogar um Europeu ou Mundial de jovens, mas pelos vistos os responsáveis máximos do xadrez nacional não estão com disposição para premiar ninguém, o que torna as coisas mais difíceis. Assim sendo, adoraria poder jogar na primeira divisão pelo Dias Ferreira e sem ter que olhar para os tabuleiros do lado e dar de caras com um espanhol ou um romeno, assim como gostaria de jogar uma fase final do nacional. São objectivos difíceis mas concretizáveis.
Quem são os teus jogadores preferidos? No passado e no presente...
R: Não tenho nenhum jogador em particular do qual seja um grande admirador mas já vi algumas partidas do Petrossian onde achei fantástico a capacidade de ele dar a volta tendo uma posição nada agradável. O Kasparov já era o grande nome do xadrez Mundial quando comecei a jogar e ainda agora continua a ser e por isso também ele é de certa forma uma referência para mim, assim como para quase todos os xadrezistas.
Depois da entrevista respondida André Viela mostra-nos o seu
“Prémio de Beleza":
“Prémio de Beleza":
TORNEIO DE ACEIMAR (MONDARIZ)
André Viela (2130)-Francisco Carrera (2264)
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cc3 (a resposta mais usual mas obviamente não é a única. Existem outras hipóteses teóricas como por exemplo 3.Cd2; 3exd5 e 3.e5) 3. ... Cf6 (é uma das grandes hipóteses nesta posição, a par de Bb4) 4. Bg5 Bb4 (estamos perante a variante McCutheon na Francesa) 5.e5 h6(obrigatório para não perder uma peça) 6.Bd2 (se 6.exf6 hxg5 7.fxg7 Tg8 8.Dh5. Df6 e as negras tem um jogo em nada desagradável) 6. ... Bxc3 7.bxc3 (também é possível tomar com o Bispo em c3 no entanto, prefiro ter um Peão em c3 que defende a casa d4 quando as pretas jogarem c5 e Cc6) 7. ...Ce4 8.Dg4 Rf8 (tendo as pretas o Peão de g7 ameaçado, existem duas alternativas para defende-lo: a alternativa jogada na partida, que tem o inconveniente de as negras ficarem sem roque; e existe também g6 mas este também tem inconvenientes como por exemplo o possível avanço do peão de h por parte das brancas o buraco em f6 e também o facto de ficarem com a estrutura debilitada para fazerem roque) 9.Df4 (um lance nada usual mas que me parece fazer toda a lógica pois evita que o Rei que capturar o cavalo após este ter capturado o Bispo em d2. Uma das alternativas a Df4 é 9.Bd3 Cd2 10.Rd2 c5 11.h4.Da5 12.Th3. cxd4 13.Tg3 g6 Bxg6 Tg8 15.Tf3 Tg6! 16 Dg6 Dc3! 17 Tc3 dxc3 18 Rxc3 fxg6 -+. Claro que esta variante não é a melhor para as barncas mas evidencia muito bem os problemas que Rd2 trás) 9. ...c5 10 Bd3 Cd2 11 Dd2 Cc6 12 Cf3 Da5 (um lance bastante incomodo ao qual eu respondi com…) 13 Td1 ( foi um lance um pouco especulativo mas pareceu-me dar uma boa compensação às brancas caso as negras capturassem o Peão de a , senão vejamos : c4 14 Be2 Da2 15 0-0 Da5 16 Ta1 Dc7 17 Ce1 Rg8 18 f4 Rh7 19 g4 b5 20 f5 e o Peão parece-me bem compensado pela vantagem espacial das brancas; como é obvio, se em vez de 13Td1 jogasse 13 0-0 seguir-se-ia cxd4 14 cxd4 Dd2 15 Cd2 Cd4) 13. ...Bd7 14. 0-0 cxd4 15 cxd4 Dd2 16 Td2 Cb4 (com este lance as pretas aniquilam o Bispo de casas brancas das brancas que na típica estrutura da francesa é melhor do que o das negras) 17 Tb1 Cd3 18 Td3 b6 19 Tc3 (para não deixar as negras conquistarem de imediato a coluna c) 19. ... Re7 20 Rf1 Thc8 21 Tc8 Tc8 22 Tc1 (as pretas parecem-me um pouco melhor nesta posição mas não tanto quanto aparentam, isto porque o Rei branco vai chegar rapidamente a d2, o que soluciona muitos dos eventuais problemas) 22. ...Tc3 23 Re1 Bb5(ameaçando Ta3 e Bc4) 24 Cd2 Ta3 25 Ta1 Tc3 26 Tc1 (não tive problema em repetir Tc1 pois o meu adversário estava ligeiramente melhor) 26. ... Rd7 27 Cb1 Tc4 28 Ca3 (28 c3 Ta4 29 Tc2 Bd3 e vantagem decisiva negra) 28. ... Tb4 29 Tb1 (este lance força a troca das torres ficando o bispo contra o cavalo branco, o que me parece melhor para as brancas dado a estrutura dos Peões no lado de Rei, isto não obstante da partida estar igualada) 29. ... Tb1 30 Cb1 Bc4 31 a3 Rc6 32 Cc3 b5 33 Cd1 a5 34 Cb2 b4 35 ab4 ab4 36 Rd2 Rb5 37 f4 Bf1 38 g3 Bh3 39 c3 (neste lance admiti não conseguir ganhar e o meu adversário pode fazer o lance do empate jogando b3, no entanto…) 39. ... Bf5 40 Cd1 Ra5? (esta foi a ultima oportunidade para jogar b3) 41 cb4 Rb4 42 Cf2 ( o Cavalo suportara o avanço dos Peões ) 42. ... Rc4 43 Re3 Rc3? ( Uma perda de tempo) 44 g4 Bh2 45 h4 Bc2 46 Ch1 ( com intenção de Cg3e continuar o avanço dos peões) 46. ... f6 47 ef6 gf6 48 Cg3 Bg6 49 g5 fg5 50 fg5 hg5 51 hg5 (agora é so avançar o Peão de g) 51. ... Bf7 52. Ce2 Rc4 53 Cf4 e5 (lance do desespero) 54 de5 d4 55 Rd2 d3 56 e6 Be8 g6 1-0
As brancas jogam 21. Tb1! invertendo a ordem dos acontecimentos
Nota na primeira pessoa: Partida jogada em Mondariz nos primeiros dias do ano de 2006. Estava a fazer um bom torneio e com esta vitoria fiquei colado ao grupo dos primeiros. Quando acabei essa partida, ter-me-ão dito que o prémio para o primeiro classificado era de 1800 euros.Escusado será dizer que as restantes duas partidas acabaram com vitória para os meus adversários.Se calhar se o prémio fosse uns modestos 100 euros como acontece em Portugal, tinha ganho o torneio...ou não. :)
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