XVI
ENTREVISTA (I)
Vamos iniciar no mês de Outubro uma coluna mensal onde serão entrevistados figuras de relevo do panorama escaquistíco.
O nosso primeiro convidado é o Mestre Nacional João Guerra e Costa: um ícone do Xadrez Jovem Nacional!
Com um curriculo recheado de títulos escaquistícos, a nível individual e colectivo, é de destacar os 9 títulos consecutivos de Campeão Nacional de Jovens desde os 10 aos 18 anos, bem como a partcipação em 9 Mundiais de Xadrez Jovem, mostrando um domínio avassalador na última década. Actualmente é o Campeão Nacional Universitário de Xadrez representando a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Engenharia Civil) e jogador federado do Grupo de Xadrez da Guarda (4º tabuleiro) classificada na 4ª posição no Campeonato Nacional da I Divisão por Equipas 2006.
Perfil
Nome completo: João Guerra de Oliveira Costa
Natural de: Porto
Nome completo: João Guerra de Oliveira Costa
Natural de: Porto
Data de nascimento: 28/01/1987
Formação: Estudante do 2º ano de Engenharia Civil (F.E.U.P.)
Clube: G.X. Guarda
Formação: Estudante do 2º ano de Engenharia Civil (F.E.U.P.)
Clube: G.X. Guarda
Rating internacional: 2207
Entrevista
"Gostava de jogar uma primeira divisão pelo G.D. Dias Ferreira."
"O importante é jogar as posições e não os adversários, disse-me um amigo meu. "
Conta-nos como aconteceu a descoberta do Xadrez.
Quem te despertou o interesse para o mundo mágico das 64 casas?
R: Tudo aconteceu num Verão, tinha eu 8 anos. O meu pai um dia disse-me que eu tinha de fazer alguma actividade extra e pôs-me a hipótese do xadrez ou então começava a jogar futebol com os 2 pés. O meu direito não é mágico por isso imagina o esquerdo…optei pelo xadrez. E nunca me arrependi!
Depois desta fase inicial, como foram os primeiros passos no sentido de melhorares o teu xadrez?
R: O primeiro grande passo deve ter sido ler o My System de Nimzowitsch que nos dá muitas noções base do jogo. Li-o por volta dos 9 anos. Depois como qualquer actividade nova, exigia-se prática. Comecei a ir ao clube uma vez por semana e até tinha algum jeito. Daí a começar a ir a torneios, foi um instante.
E as competições? Fala-nos um pouco dos eventos mais relevantes em que já participaste.
R: O torneio mais marcante tem que ser obrigatoriamente a Olimpíada 2004 (Calvia, Espanha). É um mundo! É uma sensação espectacular estar a jogar no meio dos melhores jogadores do mundo a representar o país. Eu fui em condições especiais e no meio de alguma polémica mas tendo em conta as circunstâncias, acho que foi merecido.
Em termos de importância, o torneio mais importante para o meu xadrez foi o mundial de sub 16 na Grécia. Os treinadores que nos acompanharam incutiram-nos um espírito agressivo e de querer ganhar a tudo e todos. Não aceitei um empate, perdi 5 jogos, ganhei 5 e empatei um que joguei até ficar rei contra rei. Vivi as partidas com muita intensidade e ficava mesmo triste quando perdia. No entanto conheci lá uma brasileira que me dava mimos depois das partidas ;)
Como manténs o teu nível técnico?
R: Não sei se o mantenho. Ultimamente não tenho estudado quase nada por causa da faculdade. É difícil gerir com muita pena minha. Tento manter o nível táctico. É importante ter agilidade mental. Depois vou jogando com a experiência que tenho, o que não me impede de fazer burrices incríveis.
Qual o livro que consideras fundamental para um bom jogador de xadrez?
R: Zurique 1953 apesar de nunca o ter lido todo. Mas eu não sou grande exemplo. Sempre tive alguém que me orientasse o estudo para certos aspectos do xadrez em que falhava mais. Nunca li muitos livros. Agora leio mais visto que a boa vida acabou.
De que maneira definirias o teu estilo de jogo?
R: O meu estilo de jogo? É uma pergunta complicada. Depende dos dias. Às vezes tento não complicar muito e jogar simples, outras vezes jogo mais para o jogo táctico e quando estou num dia mau é para o barrete. No último caso, raramente corre bem. O importante é jogar as posições e não os adversários, disse-me um amigo meu.
Quais os principais resultados de tua carreira?
R: Os 9 títulos nacionais de jovens são uma marca mas os principais resultados raramente foram num torneio em si mas sim resultados de partidas. Não sou muito consistente. Já empatei com 3 grandes-mestres. É bom pensar que podemos jogar ao nível deles às vezes. Ou eles ao nosso…
Quais os objectivos no xadrez para este ano e projectos a longo prazo?
R: Não sei. Continuar a jogar seria já muito bom. Não tenho planos a longo prazo, acho que o presente faz o futuro e não há que ter grandes planos. Gostava de jogar uma primeira divisão pelo G.D. Dias Ferreira.
Quem são os teus jogadores preferidos? No passado e no presente...
R: Nunca explorei muito um jogador em especifico. Gostei muito de jogos que vi do Shirov por exemplo pela sua espectacularidade e criatividade. O Fischer também era um génio do xadrez e vi partidas espectaculares dele. Mas teria que colocar o Kasparov como uma referência porque marcou uma época do xadrez. A minha! E é realmente bom ver partidas dele apesar de pouco perceber por vezes. Mas ele também não deve perceber as minhas.
Gostarias de tecer algumas considerações finais?
R: Nem por isso! :)
Depois da entrevista respondida o Meste Nacional João Guerra e Costa mostra-nos o seu
“Prémio de Beleza":
Nacional 1ª divisão por Equipas 2006 (7ª Sessão)
(ver diagrama)
(parece-me o melhor lance e aquele necessário para mexer com o jogo. Se 21…Dxf5 22.Tf4 e cai o peão de e6 e se 21…e5 22.Tg4 parece oferecer boa compensação às brancas com ameaças como f6. O rei está exposto.) 21…exf5 22.g4 (a verdade é que não sei quem está melhor nesta posição. Penso que joguei as jogadas mais activas. O Fritz não gosta da minha posição mas penso que dá demasiado valor ao material. As pretas têm uns problemas por resolver.) 22…d5? (Penso que este lance é mau. Melhor seria tomar o peão de g4 onde uma continuação poderia ser 23.Txg4 Te8 24.Teg1 g5 e aqui parece que com 25.Tf1 seguido de h4 começa a haver roturas importantes.) 23.gxf5 Dd6 24.Tg1 (Colunas para um par de torres, peão em f5 para romper, as brancas ganham vantagem.) 24…Te8 25.Tdg4 Te5 26.Txg7 Txf5 27.De3 Te5? (27…Tf1+ seria o melhor lance seguido de 28.Txf1 Rxg7 29.Dd4+ Rf8 e as brancas continuam a ter boa compensação pelo peão.) 28.Df2 (com vantagem decisiva.) 28…De6 29.c3?! (pouco preciso. Tanto 29.T7g6 como 29.T1g6 seriam melhores lances. Ao analisar T1g6 escapou-me um pormenor 29…Te1+ 30.Rd2 Te2+ 31.Dxe2 Dxe2 32.Rxe2 fxg6 mas agora não vi…33.Txb7 com vantagem decisiva branca. Joguei então c3 para poder jogar Bd1 contra Te1+.) 29…Tc8 30.Bd1 Tc4?! (Tc6 parece ser a única salvação das pretas. A partir daqui é uma questão de técnica e concentração. Felizmente sou bafejado pelas duas! :) ) 31.Bg4 Txg4 32.T1xg4 Tf5 33.Tg8+ Re7 34.Tf4 Tg5 35.Tb8 Bc6 36.Dc5+ Rd7 37.Da7+ Rd6 38.Rd8+ Bd7 39.Txd7+ Dxd7 40.Tf6+ De6 41.Dxf7 1-0
Gostei deste jogo pelas suas características. Penso que joguei bem e o meu adversário também na maioria das posições.
Posição do diagrama após 21 f5 ! garantindo um jogo activo para as Brancas.
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